PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"Grande Pan renasceu!"


“Saudo em Caeiro e Ricardo Reis, saúdo em nós-próprios o Regresso dos Deuses!
Alegrae-vos, todos vós que choraes, sem saber porquê, na maior doença das civilizações!
Grande Pan renasceu!”
– António MORA, Obras, Edição crítica de Fernando Pessoa, volume VI, edição e estudo de Luís Filipe B. Teixeira, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002, p.246.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

"A harmonia e a amizade sociais têm de se ampliar a todos os seres vivos e à Terra"



“Procuravam então reunir-se e fundar cidades para se defenderem. Mas, uma vez reunidos, lesavam-se reciprocamente, por não possuírem a arte política; de tal modo que recomeçavam a dispersar-se e a perecer.
Zeus então, inquieto pela nossa espécie ameaçada de desaparecer, envia Hermes levar aos homens o pudor (aïdos) e a justiça, a fim de que houvesse nas cidades a harmonia e os laços criadores de amizade”
- Platão, Protágoras, 322a – 322c.

Äidos, traduzido habitualmente por pudor, é uma antiga palavra grega “que acabou por designar a atitude de escuta do outro no debate público, a capacidade de cada um de ter em conta a opinião de outrem” (Jacques Ricot). Sem esta escuta atenta do outro e sem justiça não existem a harmonia e a amizade sociais que tornam possível uma comunidade política, em vez da luta desenfreada de interesses grupais e individuais a que hoje assistimos. Restaurá-las é hoje fundamental, mas superando o modelo grego antropocêntrico que moldou o Ocidente e se globalizou. A escuta do outro e a justiça, a harmonia e a amizade sociais têm de se ampliar a todos os seres vivos e à Terra.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"Neste ano olímpico, vamos tornar-nos os portadores da tocha de uma nova ética baseada na igualdade do 'Ser' e no valor inerente de cada um"


“A cada ano biliões de animais são trazidos a este mundo apenas para morrer e sofrer nas nossas mãos. Nós marcamo-los, numeramo-los, tiramos-lhes os seus filhotes, inseminamo-los à força, fazemos-lhes experimentações dolorosas, roubamos-lhes a pele das costas e negamos-lhes até os mais básicos dos direitos (...). Vamos sonhar um mundo - e activamente criar um – em que a crueldade e o abuso são uma coisa do passado. Não há mais nobre propósito do que proteger os fracos e vulneráveis, libertar os escravizados e sofredores, do que transformar a escuridão. Não há amor maior. Neste ano olímpico, vamos tornar-nos os portadores da tocha de uma nova ética baseada na igualdade do 'Ser' e no valor inerente de cada um. Vamos manifestar um reino de paz, um Nirvana terreno - aqui e agora. Como disse Victor Hugo , não há nada mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou”
- Heidi Stephenson, The Call for Change.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

"(...) nunca como agora foi universalmente pressentida a exigência de se privilegiar o vivo perante o totalitarismo do dinheiro e da burocracia financeira"


“Encontramo-nos, no mundo e em nós mesmos, numa encruzilhada de duas civilizações. Uma acaba de se arruinar esterilizando o universo debaixo da sua gélida sombra, a outra descobre, nos primeiros vislumbres duma vida a renascer, o homem novo, sensível, vivo e criador, frágil ramo duma evolução em que, doravante, o homem económico passou a ser um ramo morto, e apenas isso.
Nunca o desespero de termos de sobreviver em vez de vivermos atingiu no tempo e no espaço existencial e planetário uma tensão tão extrema. Também nunca como agora foi universalmente pressentida a exigência de se privilegiar o vivo perante o totalitarismo do dinheiro e da burocracia financeira.
Nunca, em suma, tantas populações e seres particulares foram presa de uma desordem em que se misturam a mais amedrontada servidão voluntária e a tranquila resolução de destruir, sob as vagas do prazer e da vida, os imperativos mercantis que emparedam o horizonte.
- Raoul Vaneigem, A Economia Parasitária, tradução de Júlio Henriques, Lisboa, Antígona, 1999, pp.9-10.