PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"A grande comunidade cósmica"



- Jerónimo Bosch, Jardim das Delícias.

"Nós, enquanto partes do universo, somos todos irmãos e irmãs: as partículas elementares, os quarks, as pedras, as lesmas, os animais, os humanos, as estrelas, as galáxias. Houve um tempo no qual estivemos todos juntos sob a forma de energia e partículas originárias, na esfera primordial, depois dentro das gigantes estrelas vermelhas, de seguida na nossa Via Láctea, no sol e na Terra. Somos feitos dos mesmos elementos. E, enquanto seres vivos, possuímos o mesmo código genético dos demais seres vivos, das amibas, dos dinossauros, do tubarão, do macaco-leão dourado, do australopiteco, do homo sapiens-demens contemporâneo. Um vínculo de fraternidade/sororidade une-nos objectivamente, coisa que São Francisco já intuía misticamente no século XIII. Formamos a grande comunidade cósmica. Temos uma origem comum e, certamente, um destino comum"

- Leonardo Boff, Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres [a partir da edição castelhana: Ecología: grito de la Tierra, grito de los pobres, Madrid, Trotta, 2006, p.64].

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