PAN - UM NOVO PARADIGMA
Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.
O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Que sentido para Portugal? Uma nova civilização, a panconsciência, consciência global: Nova Aliança homens-animais-Terra
O setembrista e as corridas de touros
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
"Verdes Anos": o PAN já faz parte da história do ecologismo em Portugal
O livro Verdes Anos. História do ecologismo em Portugal (1947-2011), de Luís Humberto Teixeira (Lisboa, Esfera do Caos, 2011), será apresentado pelo Prof. Viriato Soromenho-Marques na 3ª feira, dia 31 de Janeiro, às 18.30, na Livraria Bulhosa de Entrecampos. Este livro dedica o capítulo 8 ao PAN e ao seu resultado surpreendente nas últimas eleições legislativas. Reproduzimos os três últimos parágrafos do livro, após se referir o historial de adversidade de Portugal e dos países do Sul da Europa aos ideais ecologistas:
"Perante este ambiente hostil, como se explica então o sucesso do PAN, que nas primeiras eleições legislativas a que concorreu obteve mais de 50 000 votos em listas próprias (feito inédito entre os partidos ecologistas portugueses) e quatro meses depois elegeu um deputado em eleições regionais?
Será um epifenómeno ou será que o segredo para o sucesso de um partido verde em Portugal passa por unir a defesa do ambiente aos direitos dos animais e às causas humanitárias?
Para responder a estas questões teremos de esperar mais algum tempo. Entretanto, uma coisa é certa: por mais negro que seja o cenário do país e do planeta, muitos acreditam que a cor da esperança ainda é o verde"
Cabe-nos mostrar que o "segredo" é mesmo esse e que o PAN veio para crescer e ficar.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Quem é o meu próximo?
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Marc Chagall, um pintor da fusão entre o animal e o homem
domingo, 22 de janeiro de 2012
"O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não"
Para uma ética da compaixão
(...) Nestes momentos, esta linha de demarcação, (...) que separa o ser do ser, apaga-se: o não-eu torna-se até certo ponto o eu"
- Schopenhauer, "O Fundamento da Moral".
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
"Os animais do mundo existem para os seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos..."
"Os animais do mundo existem para os seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens"
- Alice Walker
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo" - porque se limitou o "próximo" ao homem?
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo" - Mateus, 22, 39.
A grande questão é: porque se limitou o "próximo" ao homem? Porque não sentir, assumir e amar como "próximo" o universo e como "próximas" todas as formas de vida, em particular as conscientes e sencientes? Essa é a grande Revolução por vir, a do amor universal, que no íntimo de cada mente já começa.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
“O repouso de um gato ao sol é a mesma coisa que a leitura de um livro”
“O repouso de um gato ao sol é a mesma coisa que a leitura de um livro” - Fernando Pessoa, "A Hora do Diabo".
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
A Ética e a Política
A exigência de ética política pode parecer um lirismo ingénuo e irracional, nos tempos que correm e na nossa sociedade utilitarista e economicista, onde está implícito que a ética seja última das preocupações.
Não pensamos assim. Pelo contrário, entendemos que a ética deve ser a primeira de todas as considerações, por marcar a mais importante de todas as fronteiras e o critério de avaliação das escolhas políticas e dos seus actores.
Como ficou claramente esclarecido, não se ataca minimamente o povo da China, e muito menos a sua respeitabilíssima cultura multimilenar - estando apenas em causa as práticas do actual governo chinês e a decisão do governo Português na venda de capital da EDP. Por isso mesmo, tem especial cabimento citar um grande sábio da China ancestral (Confúcio): “Já vi pessoas incapazes da ciência; mas nunca vi nenhuma incapaz da virtude”.
Ora, antes de exigirmos que as acções políticas sejam competentes e tecnicamente eficazes, há que esperar que sejam virtuosas, de acordo com valores éticos. A competência técnica destituída de princípios, de valores, pode levar às criações mais hediondas, como a história nos mostra claramente (e, de resto, o actual sistema chinês é disso exemplo manifesto).
Não basta, é certo, a boa intenção, sem um conhecimento adequado e sem uma actuação lúcida. Mas muito pior ainda, e de todo inaceitável, por nos expor (a tudo e a todos) aos riscos mais extremos, são as decisões que ignoram e espezinham a ética, convivendo sem consciência com os que são capazes das maiores violências, atrocidades e desrespeitos para com a Vida.
Tal certamente, é o caso do regime chinês, que tem uma reiterada prática de desrespeito pelos direitos e valores fundamentais, de perseguições, de crimes e de intolerância para quem se desvia um pouco do que é ditado como “doutrina oficial”. Em termos externos, há décadas que vai sujeitando à sua tirania e a abusos e arbitrariedades de todo o género, um país e um povo inteiro – o do Tibete –, prosseguindo sistemática e implacavelmente o genocídio da sua população e da sua cultura – apesar de esta ser reconhecidamente pacífica e gentil.
Só a completa despreocupação com a ética é que permite negócios com um governo que está a promover uma outra invasão, à escala global, dominando os recursos económicos de inúmeras nações, quase continentes inteiros. Perante isto, as ditas democracias liberais permanecem indiferentes, cabendo-nos perguntar se só despertarão quando os pesadelos que agora atormentam alguns menos imediatistas no seu pensamento se tiverem volvido em realidades brutais. Mas onde não ética, até as incoerências parecem não envergonhar. É assim que essas democracias liberais (e capitalistas), que outrora censuravam o regime chinês, agora podem com ele andar de braço dado. É assim, também, que se pedem (exigem!) sacrifícios, poupanças e restrições ao consumo, quando jamais se censurou, antes se admiram com fascínio, os incentivos ao consumismo. É assim, igualmente, que o regime socialista-comunista chinês desenvolve o mais formidável e agressivo sistema capitalista. Tudo, sempre, orientado para “sacar”.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Fraternidade
Uma imagem do caminho a seguir, para uma nova humanidade. Inverter o antropocentrismo e socorrer todos os seres.
sábado, 7 de janeiro de 2012
Maquiavel sobre a conquista e conservação de estados
"Quando os estados que se conquistam [...] têm a tradição de viver segundo as suas leis e em liberdade, para a sua conservação existem três opções: a primeira é a sua destruição; a segunda é ir para lá viver o príncipe conquistador; e a terceira consiste em deixá-los viver de acordo com as suas leis, mas exigindo-lhes um tributo e criando no seu seio uma oligarquia que vos garanta a sua fidelidade"
- Maquiavel, O Príncipe, cap. V.
O que se passa no mundo, e particularmente em Portugal, não é nada de novo...
Mensagem de Pedro Valdjiu, dos Blasted Mechanism, de apoio à manifestação de 10 de Janeiro
Portugal está a ser vendido aos retalhos, e o desafio de quem os compra será o mesmo de quem os vende, isto é, acalmar e domar as visões imperialistas bem dominadas pelo EGO.
A coser esta manta de retalhos fica o suor sagrado dos Portugueses, cada vez mais cabisbaixos e desolados por tamanha farsa e domesticada dormência.
Não há na história relatos de quem tenha levado consigo ouro depois de terminada a vida e os dirigentes deste pequeno rectângulo e da esfera terrestre agem como se o mundo acabasse amanhã. E alguma razão têm, pois o seu Mundo ou melhor o iMundo (em breve nas lojas apple) vai de facto terminar depois de amanhã!
A economia financeira passará a economia de recursos, ou seja, poupar o Planeta Mãe e com ele todas as espécies.
- Afinal seria esse o papel das economias, o de poupar, não é assim??
E dentro das espécies poupadas estará o novo Homem, aquele que entretanto ancorou a sua consciência no coração, longe das auto-estradas de informação a que o cérebro tanto nos sujeita criando esta grande cacofónica confusão a que muito chamam de civilização. Prefiro chamar-le somente destruição.
Desce agora à Terra a necessidade de abraçar os movimentos globais como o da permacultura, das cidades em transição, os que despertam consciências, as novas/antigas medicinas, novas pedagogias, os direitos humanos e animais, etc., abraçando assim a verdadeira cultura humana, a cultura do AMOR, a si mesmo, ao próximo e a toda a Vida no Cosmos
- Ou estaremos mesmo a sós na escuridão galáctica??
Cabe então a cada indivíduo encabeçar a sua própria Re-Evolução e pôr fim a uma queda involucionista onde o poder está sempre nas mãos dos outros e o Ter tomou o lugar do SER.
Aquilo a que chamamos evolução não nos serve mais, pois evoluir para o abismo é pura e simplesmente involução.
Queremos energias limpas, águas limpas e corações puros na Terra, para que possamos continuar ou quem sabe até sair da grande Roda (samsara) com as mãos limpas também!
Aos que cá nos mandam emigrar, fica o apelo para que olhem para os seus filhos e netos, e mesmo ao espelho vejam o poder da mutabilidade, ou seja, abracem a ideia de que nada levarão de material aquando da chegada da sua morte.
Aos chineses:
- Existe no vosso país toda uma cultura incrível de saber antigo, as medicinas, a gastronomia, o taoismo, porque não partilham o que têm de melhor??
Infelizmente o que nos chega da China é a máquina de destruição de um império que não olha a Terra, o Homem e os Animais com o mínimo de respeito.
Um império que em pleno século XXI invade territórios à lei da bala exterminando uma das culturas mais avançadas e amorosas da Terra.
Só vos posso dizer :
- Perdoai-os, SS Dalai Lama, pois não sabem o que fazem.
Primeiro o Tibete, agora o Porto do Graal…
Que profunda vergonha.
Quanto a mim mesmo, só me resta olhar ainda mais para dentro e curar-me. Se o mundo vai doente, em mim existe essa mesma doença.
um só Homem faz a diferença
aparece dia 10.
Pelo futuro que estes presentes anunciam (mensagem da escritora Manuela Gonzaga de apoio à manifestação de dia 10)
Na impossibilidade de estar aqui convosco, venho apoiar esta iniciativa do PAN, e o seu presidente, meu querido Amigo Paulo Borges, juntando-me a todos vós por palavras e intenção. Deixem-me alargar um pouco este âmbito e saudar igualmente o Povo Chinês que divorcio da prática dos seus lideres e que abraço calorosamente na causa comum.
É um alerta para este perigo que nos une, aqui e no mundo. A electricidade de Portugal foi vendida a uma potência estrangeira. Uma parte, para já.
Ora essa potência demonstra, no seu próprio território, a maior indiferença e a maior crueldade contra as populações que se atravessam no rumo da «prosperidade» colectiva que os seus governantes traçam. Uma prosperidade que acerta o passo pelo comportamento tentacular e devastador de várias multinacionais, cujo crescimento está na razão directa da tragédia global que todos os dias destrói irreversivelmente a nossa casa. Uma tragédia orquestrada por meia dúzia de famílias económicas que estão a exaurir os recursos da Terra.
Nada os detém. Patrimónios, florestas, rios, mares, ambiente, o extermínio de espécies, a aniquilação da biodiversidade são, no seu léxico, palavras mortas e conceitos insensatos. O lucro e o poder em meia dúzia de mãos é o seu único objectivo.
Neste aspecto, a República Popular da China tem afinado as suas práticas económicas pelo mesmo diapasão. Arrastando pelo mundo as redes de uma ganância sem limites, deixando atrás de si populações devastadas e o nosso planeta destruído por anos, séculos ou milénios. Estas práticas ancoradas no puro lucro – logo contra o ambiente, logo contra a natureza, e, numa cadeia irrefutável de causas-efeitos, logo contra o Ser Humano – nada têm de benéfico.
Não vou repetir o que tantas organizações têm vindo a alertar, desde a Amnistia Internacional às Ligas de Defesa do Ambiente. Assinale-se apenas o que todos sabemos de cor. As práticas do capitalismo chinês sob a capa de uma política socialista têm acobertado uma vastíssima lista de atentados contra as populações mais frágeis da Republica Popular da China. E para melhor garantir a impunidade destas acções, somam-lhes outras. A perseguição implacável contra os que ousam denunciar ao mundo estes crimes. Fazendo tábua rasa de um dos mais preciosos patrimónios imateriais do mundo civilizado. Os direitos humanos e o consequente direito à liberdade de expressão.
Em suma. Portugal vendeu à China uma parte da electricidade de Portugal que é um bem fundamental dos portugueses. Por um pouco menos dinheiro podia ter alienado esta parte do nosso património a parceiros que nos garantiriam subscrever Direitos Humanos e respeito pelo Ambiente. Porque não o fez?
Assim, e com a entrada no nosso território da corporação chinesa cuja lista de atentados ambientais é aterradora, quem nos garante que, futuramente, não se pratiquem em Portugal perseguições e acções contra os cidadãos que irão seguir atentamente a prática destas empresas? Para já, a Amnistia Internacional alertou para a possibilidade de graves problemas ambientais, de direito à habitação e ao trabalho decorrentes da venda da participação portuguesa da EDP à chinesa Three Gorges Corporation.
E a somar-se a esta ameaça perfilam-se outras.
A alienação da água e de parte significativa da rede dos transportes. E não se fica por aqui. Quando será a vez do mar? E a do ar? E do resto da terra e dos recursos que ainda mantemos? É esse o futuro? Vender a quem dá mais mesmo que quem dá mais configure a pior das ameaças aos nossos direitos humanos e ao nosso território? Como podemos deixar que tal aconteça?
Só há uma resposta. Não podemos.
E exigimos por parte de quem nos governa que se comporte como tal assumindo responsabilidades governativas e não de mera gestão. Dando-nos conhecimento do que se passa, em vez de nos colocar perante factos consumados de uma política de deve-e-haver na lógica do quem dá mais e depois logo se vê. Um país não é uma tabacaria, uma mercearia ou um supermercado.
Não podemos aceitar que nos vendam a retalho e nos governem desta maneira.
Pacificamente, iremos impedi-lo enquanto nos restar alento e vida.
Com a nossa imaginação criadora de outros cenários. E com a nossa convicção do que é justo.
Com a nossa força comum, o peso avassalador do número do que, aqui e no mundo inteiro, pensam da mesma maneira, e agem, pacificamente, na mesma direcção, e pelos mesmos objectivos.
Temos por nós o entusiasmo dos que já acordaram e estão a ajudar os outros que ainda dormem a acordar também. Agora e para salvaguardar o tempo vindouro dos que estão por nascer.
Bem-haja todos os que aqui se encontram e todos os que, mesmo ausentes, comungam de corpo e alma estas novas Cruzadas.
Pelo futuro que estes presentes anunciam, estamos e estaremos aqui.
Manuela Gonzaga
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
"Ousar falar de política desmontando os seus fundamentos, em toda a sua complexidade, e com os segredos que comportam, chega a ser perigoso"
"Falar de política é e mantém-se difícil porque o político nunca joga só. O que o político diz de si próprio está cheio de mentiras, de dissimulações. Ousar falar de política desmontando os seus fundamentos, em toda a sua complexidade, e com os segredos que comportam, chega a ser perigoso. A cidade, todas as cidades, a sociedade, todas as sociedades, não toleram que se fale delas lucidamente, radicalmente, desvelando ao máximo possível os mecanismos em marcha, assim como o seu imaginário, também ele limitado. Fazer isso não de um ponto de vista particular, não privilegiando um partido, seja ele qual for, dificilmente é suportável. O inimigo é mais fácil de situar:partidos e Estados combatem-no e tendem a eliminá-lo, brutal ou pacificamente. Aquele que não é amigo nem inimigo de um dos sistemas em vigor ou da estrutura global da colectividade, aquele que não pode ser classificado segundo as rubricas políticas admitidas, mas que perscruta em profundidade o maciço social-político fortemente fissurado e as construções que o povoam, só pode ser sacrificado, duma ou de outra maneira. Ninguém deve fazer abalar ou desestabilizar o consenso geral e os desvios autorizados, que caracterizam os extremos, o centro, os sonhos anarquizantes. Aquele que ousa "atacar" todas as frentes sem excepção, desmantelar todos os poderes e seus funcionamentos, vê-se afastado. [...] O descodificador do político e das regras que o sustentam faz o seu trabalho porque o que se lhe impõe e o anima é mais forte do que o silêncio ou o discurso balofo. Toda a tradição ocidental - não parece que outras tradições escapem a este mesmo destino - , de Heraclito a Heidegger, não ousa pôr em questão os fundamentos e últimas consequências do conjunto no qual as diferentes épocas vivem e que é qualificado de política. Heraclito não ousa pôr em questão a polis e Heidegger fica à sombra do político e do Estado, o que não o impede de pertinentemente esclarecer não o Estado, mas a tecno-estrutura"
- Kostas Axelos (1924-2010), Cartas a um jovem pensador, Vila Nova de Gaia, Estratégias Criativas, 1997, pp.63-64.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Um texto do pintor Vítor Pomar sobre a manifestação de 10 de Janeiro, 18.30, no Rossio
EXORTAÇÃO
A propósito da manifestação promovida pelo PAN para dia 10 de Janeiro
Bem vindos, amigos chineses!
Vamos agora estar mais próximos e acompanhar atentamente os acontecimentos e as condições de vida dos nossos povos.
Só uma visão global poderá gerir a actual revolução tecnológica em que a comunicação circula como nunca antes aconteceu, sabendo que o nosso maior inimigo é a IGNORÂNCIA!
Vamos todos contribuir para um FUTURO viável, para os humanos e todos os seres, para uma diversidade ambiental de que dependemos como navegantes da nave espacial TERRA.
Vamos fazer com que os nossos governos promovam a criação de um novo paradigma, um modo de vida que garanta um verdadeiro humanismo, uma vez que o capitalismo desenfreado leva ao abismo desumano, à escravatura por dívidas e ao terrorismo de estado.
Vamos todos partir à descoberta de um novo modus vivendi baseado na garantia da satisfação das necessidades básicas de todos, em que deixamos de ser apenas consumidores para nos tornarmos criativos em todos os aspectos da vida.
Vamos acordar da letargia conformista que o sistema insiste em impor-nos.
Vamos enfrentar, não conformar-nos, com a política de terra queimada que caracteriza o fim dos impérios.
Vamos libertar-nos dos enganos e ilusões da sociedade de consumo, que ainda vemos como um privilégio, mas que de facto envenena todos os seres e o ambiente.
Vamo-nos descobrir solidários e não apenas revoltados, exigindo a manutenção de direitos outrora conquistados.
A nossa aventura terá de ir muito mais longe e muito mais fundo, tanto na consciência de cada um como na sociedade.
É por isso que estamos aqui, é este o meu apelo e a minha saudação ao grande povo chinês com que devemos hoje manifestar a nossa amizade e solidariedade.
Nota final
Estamos a assistir ao fim do imperialismo ocidental, económico e cultural, que, ao longo de vários séculos procurou vender e impor sua visão aos outros povos, cujas culturas ancestrais foram desprezadas.
A cegueira dos outros choca-nos, tanto quanto somos incapazes de reconhecer a nossa própria cegueira.
Só com a fundamentação de um verdadeiro humanismo se poderá tentar avançar para um encontro com os nossos irmãos das diversas etnias e culturas, até agora distantes, dominados ou ignorados.
O trabalho que vamos ter de fazer, que inclui despirmo-nos das nossas certezas, históricas, filosóficas, etc., é tanto ou mais do que o deles.
Note-se que este trabalho não significa uma limitação ou perda de valores, mas sim um acesso a mais vastos e luminosos horizontes.
Quão limitados têm sido os nossos horizontes, só ultrapassados por uma arrogância nunca posta em causa!
Temos hoje uma oportunidade única de nos descobrirmos e conhecermos mesmo para além dos valores até agora supostamente válidos e inquestionáveis.
Vítor Pomar
3 de Janeiro 2012
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
"o pior de tudo é a ficção de que tudo tem um preço ou [...] de que o dinheiro é o mais alto de todos os valores"
"No mercado suprimem-se, por razões de ordem prática, inúmeras distinções qualitativas que são de importância vital para o homem e a sociedade [...]. Por isso mesmo é n'«O Mercado» que o domínio da quantidade festeja os seus maiores triunfos. Tudo se compara com tudo. Comparar as coisas significa atribuir-lhes um preço e possibilitar, desse modo, a troca de umas pelas outras. O pensamento económico, na medida em que se baseia no mercado, retira à vida toda a sua sacralidade, porque nada pode haver de sagrado em tudo que tem um preço [...].
[...] o pior de tudo, aquilo que é destrutivo da civilização, é a ficção de que tudo tem um preço ou, noutros termos, de que o dinheiro é o mais alto de todos os valores"
- E. F. Schumacher, Small is Beautiful (um estudo de economia em que as pessoas também contam), Lisboa, Dom Quixote, 1985, 2ª edição, p.43.