PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


“A excelência espiritual, que se adquire com uma pedagogia voltada aos sentimentos, talvez seja a última esperança para neutralizar as desilusões geradas por um mundo materialista e insano, em que os animais nascem, vivem e morrem em função da vontade humana. A única forma de inventar um mundo novo é através de uma educação que privilegie valores e princípios morais elevados. Algo que nos faça compreender, desde cedo, o caráter sagrado da existência. Mostrar às pessoas que a natureza e os animais também merecem ser protegidos pelo que são, como valor em si, não em função do benefício que nos podem propiciar (…) Somente a sincera retoma de valores, que depende de uma profunda consciencialização humana, poderia livrar os animais de tantos padecimentos”. Laerte Fernando Levai, Crueldade consentida - Crítica à razão antropocêntrica

terça-feira, 18 de setembro de 2012



“O mundo dos animais está repleto de magia e de maravilha. O que sabemos devia ser transformador e inspirar as pessoas a cuidar, respeitar e ter orgulho da nossa pertença ao reino animal (…) Quando ignoramos o que os outros animais realmente são, ignoramos a nossa própria natureza. Devemos usar o que sabemos sobre a mente dos animais para desenvolver uma nova e inclusiva ética que seja um misto de respeito, carinho, compaixão, humildade, generosidade, bondade, graça e amor, motivando uma acção ampla e colectiva pelo bem dos outros animais. O seu bem-estar depende da nossa boa vontade. Precisamos de um novo paradigma (primeiro que tudo não fazer mal) que nos permita facilmente expandir a nossa pegada compassiva prestando atenção cuidadosa ao que animais querem e precisam de nós, que é, em termos simples, serem mais bem tratados ou então que os deixemos em paz”. Marc Bekoff, Learning from Animals



 


“Centenas, talvez milhares, de anos de pensamento ocidental, colocaram os seres humanos "fora" e "além" da Natureza. Esta perigosa ilusão sustenta tudo o que é feito em nome do "progresso", desde a destruição das florestas ao uso de animais na experimentação. A natureza não é algo separado a quem possamos causar danos impunemente ou até mesmo algo externo que possamos domar. A natureza somos nós e nós somos a natureza e esta forma diferente de ver o mundo e tudo o que ele contém é a chave para uma nova relação entre a humanidade e o planeta. Para a maioria dos povos indígenas que sempre entenderam o seu lugar na Natureza esta não é uma ideia nova. Tragicamente, muitos desses povos estão agora ameaçados, bem como as terras em que vivem. Mas é este profundo “conhecer”, esse modo de "ver" com quem e como estamos em relação com o que nos rodeia, que é o mais precioso neste momento, se pretendermos que a felicidade humana se expanda em vez de diminuir, em comunhão com tudo aquilo de que dependemos” Zoë Brân, Bringing Heaven to Earth