PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A política do futuro já presente visa a mudança da civilização, em prol do bem comum a tudo e todos, humanos, não-humanos e ecossistemas. Só essa política pode salvar a própria humanidade dos desvarios de que é responsável.

A política do passado, da esquerda à direita, desistiu de mudar o mundo. Converteu-se numa serva da economia e aburguesou-se em reivindicações pontuais para melhorar a vida de classes, grupos e indivíduos. E centrou-se apenas nos interesses humanos, desprezando animais e natureza. Essa política está a conduzir o planeta ao caos ecológico-social.

A política do futuro já presente visa a mudança da civilização, em prol do bem comum a tudo e todos, humanos, não-humanos e ecossistemas. Só essa política pode salvar a própria humanidade dos desvarios de que é responsável.

A política do futuro já presente tem visão ampla e pés bem assentes na terra. Dá passos concretos sem perder de vista os fins últimos: fazer da Terra um lugar melhor para todos os seres. Para isso defende o despertar das consciências, a transição para uma economia de recursos e do bem comum, democracia participativa, sustentabilidade local e regional, alimentação ética e saudável, menos trabalho para cada um e mais emprego para todos, reconhecimento de direitos aos animais e ao mundo natural, ecotaxas sobre o impacto ambiental e muito mais coisas.

É só nesta política que acredito e é com ela que me comprometo. A começar por onde estou: Portugal e Lisboa. E tu? Vais continuar a deixar tudo na mesma, a criticar sem fazer nada e distraído à espera que a morte chegue?

terça-feira, 23 de julho de 2013

"[...] o veganismo é uma recusa em participar na violência que afecta a sociedade como um todo"

"Mais do que uma recusa em fazer parte na violência contra os animais não-humanos para obter comida, roupa, etc., o veganismo é uma recusa em participar na violência que afecta a sociedade como um todo. O veganismo trabalha para expor e acabar com a subtil indoutrinação da indústria da sociedade capitalista, que deseja dessensibilizar a humanidade sobre a violência contra a maioria, para o ganho de uma minoria."

- Joseph M. Smith, The Threat of veganism.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Grande PAN renasceu


(Arnold Böcklin, Pan whistling at a blackbird, 1863)

A política do passado, de esquerda, centro ou direita, é a política da pretensão do ser humano ser o centro e o dono do mundo, em nome de si mesmo ou de Deus. A política do futuro já presente é a política da conexão entre todos os seres, humanos, animais e plantas, no seio dos ecossistemas, da Terra e do cosmos.

A política do passado conduziu e conduz à iminência do colapso ecológico-social, à escravidão e sofrimento de humanos e animais e à devastação da Terra. Cabe à política do futuro já presente deter e inverter este processo e transitar para uma nova civilização, onde o ser humano seja o servidor do bem comum de todos, humanos e não-humanos, em harmonia com a Terra.

A política do passado, embora com honrosas excepções, atraiu maioritariamente pessoas ávidas de poder, com mentes e corações estreitos. A política do futuro já presente é e será feita por aqueles que tiverem a mente e o coração mais amplos e abertos. É e será uma política da consciência global e do amor universal, que em todas as decisões concretas visará sempre o maior bem possível de tudo e de todos.

Se isto te parece impossível ou utópico tem cuidado. Estás dominado pela política do passado. Liberta-te e junta-te a nós. O Grande PAN renasceu.

terça-feira, 16 de julho de 2013

“A ideia de uma economia que não cresce pode ser uma aberração para os economistas. Mas a ideia de uma economia em crescimento constante é uma aberração para os ecologistas"


“A ideia de uma economia que não cresce pode ser uma aberração para os economistas. Mas a ideia de uma economia em crescimento constante é uma aberração para os ecologistas. Nenhum subsistema de um sistema finito pode crescer indefinidamente; é uma impossibilidade física. Os economistas têm de conseguir resolver o problema de um sistema económico em crescimento constante poder existir num sistema ecológico finito.
[…] não temos outra alternativa senão pôr o crescimento em causa. O mito do crescimento falhou-nos. Falhou perante mil milhões de pessoas que continuam a tentar viver todos os dias com metade do preço de um café. Falhou perante os sistemas ecológicos frágeis dos quais depende a nossa sobrevivência. E falhou, estrondosamente, nos seus próprios termos, na tarefa de oferecer estabilidade económica e salvaguardar o sustento das populações.
[…]
A realidade incómoda é que estão iminentes o fim do petróleo barato, a subida constante do preço dos bens de consumo, a degradação da qualidade do ar, da água e dos solos, os conflitos por causa da utilização da terra, dos recursos, da água, dos direitos de florestação e pesca, e o desafio avassalador de estabilizar o clima mundial. E deparam-se-nos estas tarefas no meio de uma economia que, para todos os efeitos, não funciona e que precisa urgentemente de ser renovada.
Nestas circunstâncias, é impensável continuar como se nada fosse. A prosperidade de uma minoria com base na destruição ecológica e na injustiça social perpétua não pode ser o fundamento de uma sociedade civilizada digna desse nome. A retoma económica é vital. Proteger o emprego – e criar novos postos de trabalho – é absolutamente essencial. Mas depara-se-nos também a necessidade urgente de repensarmos a noção de prosperidade comum. De nos comprometermos mais profundamente com a justiça num mundo que é finito.
[…]
Mas a crise económica apresenta-se como uma oportunidade única para investir na mudança. Para eliminar o pensamento a curto prazo que infecta a sociedade há décadas. E para o substituir por políticas pensadas, capazes de lidar com o enorme desafio de encontrar o caminho para uma prosperidade sustentável.
Porque, no fim de contas, a prosperidade é mais do que os prazeres materiais. Transcende as preocupações materiais. Assenta na qualidade das nossas vidas e na saúde e na felicidade das nossas famílias. Está presente na força dos nossos relacionamentos e na confiança que depositamos na comunidade em que vivemos. Mostra-se na satisfação que tiramos do trabalho e na sensação de termos objectivos e esperanças comuns. Depende do nosso potencial de participar inteiramente na vida da sociedade.
A prosperidade consiste na capacidade de nos realizarmos enquanto seres humanos – dentro dos limites ecológicos de um planeta finito. O desafio que se apresenta à sociedade é criar condições para que tal seja possível. É a tarefa mais urgente dos nossos tempos”

- Tim Jackson, Prosperidade sem crescimento. Economia para um planeta finito, Lisboa, Tinta da China, 2013, pp.28-30.