PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

sábado, 11 de maio de 2013

“A médio prazo, se não civilizarmos a economia teremos de mudar de civilização"


“A médio prazo, se não civilizarmos a economia teremos de mudar de civilização. Em diferentes espaços-tempo, segundo ritmos e graus de ambição distintos, com recurso a gramáticas semânticas que só se reconhecem mediante tradução, os objectivos são democratizar, descolonizar, desmercadorizar. Este projecto seria ambicioso e utópico se a alternativa não fosse a guerra incivil, a catástrofe ecológica, o fascismo social montado nas costas da democracia política”

- Boaventura de Sousa Santos, Portugal. Ensaio contra a autoflagelação, Coimbra, Edições Almedina, 2011, p. 154.

Creio que para civilizar a economia temos mesmo de mudar de civilização... E temo que a médio prazo seja já demasiado tarde para evitar todos os riscos referidos...

terça-feira, 7 de maio de 2013

“Da arte à sexualidade, à psicologia e espiritualidade, à política, negócios e liderança, à educação, medicina e desenvolvimento pessoal, passando por todos os outros cantos da experiência humana, há uma revolução de integração a ocorrer em todas as dimensões das nossas vidas. E está a crescer rapidamente. Sabemos que os problemas não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento que os criou. Como os nossos problemas se tornam cada vez mais complexos, mais interdependentes e mais globais, torna-se cada vez mais claro que precisamos encontrar toda uma nova dimensão de pensamento e de soluções a fim de enfrentar os grandes desafios do nosso tempo. Esta é a próxima fase. A próxima importante etapa da evolução humana”. Ken Wilber

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Nenhum centralismo fascista conseguiu fazer o que fez o centralismo da sociedade de consumo

"Nenhum centralismo fascista conseguiu fazer o que fez o centralismo da sociedade de consumo. O fascismo propunha um modelo, reaccionário e monumental, que todavia permanecia letra morta. As diferentes culturas particulares (camponesas, subproletárias, operárias) continuavam imperturbavelmente a assemelhar-se aos seus antigos modelos: a repressão limitava-se a obter a sua adesão verbal. Hoje, pelo contrário, a adesão aos modelos impostos pelo centro é total e sem condição. (...) (O centralismo da sociedade de consumo) impôs (...) os modelos desejados pela nova industrialização, que não mais se contenta com um "homem que consome", mas pretende que nenhuma outra ideologia a não ser a do consumo é doravante concebível. Um hedonismo neo-laico, cegamente esquecido de todo o valor humanista e cegamente estranho às ciências humanas"

- Pier-Paolo Pasolini, Scritti corsari, Milão, Garganzi, 1975, pp.22-23.

O totalitarismo, fracassado no fascismo, no nacional-socialismo e no estalinismo, paradoxalmente triunfa nas sociedades liberais e na dita democracia representativa. O regime de pensamento único, que falhou sempre que se tentou impor pela violência política, triunfou quando se manifestou como a realização dos nossos desejos de conforto, prazer e bem-estar, do nosso ideal de termos tudo ao nosso dispor a todo o momento. Mesmo que isso implique a destruição do outro, seja humano, animal ou o planeta. E é este fascismo dos nossos desejos o mais difícil de vencer, pois instaura-se disfarçado de liberdade. Lamentavelmente, a libertação tornou-se a mais impopular das soluções. Quando assim é, a mudança dificilmente vem sem a catástrofe...