PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

terça-feira, 19 de março de 2013

A fraternidade original segundo Agostinho da Silva



"Como se sabe, os gregos possuíam, com muitos outros povos da Antiguidade, a tradição de que em tempos remotos tinham os homens vivido num estado de perfeita inocência e numa felicidade só comparável à dos deuses; tratavam-se todos como irmãos, alimentavam-se de frutos das árvores. Desconheciam as disputas e a guerra; havia entre eles e a natureza uma completa comunhão, a tal ponto que nem mesmo distinguiam entre si próprios e o mundo que os rodeava; e poderiam ter prosseguido nesta existência beatífica se não se tivesse dado uma corrupção dos costumes, se da Idade do Ouro se não tivesse passado para a Idade de Ferro, a actual, em que todas as aberrações se tornaram normais na humanidade"

– Agostinho da Silva, A Comédia Latina [1952], in Estudos sobre Cultura Clássica, p. 301.

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