PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

"A simpatia estendida para fora dos limites da humanidade, ou seja, a compaixão para com os animais, parece ser uma das últimas aquisições morais"


Uma passagem luminosa de Darwin que é todo um programa de educação e acção individual e colectiva e que mostra a falácia do darwinismo social:

“À medida que o homem avança na civilização e que as pequenas tribos se reúnem em comunidades mais numerosas, a simples razão indica a cada indivíduo que deve estender os seus instintos sociais e a sua simpatia a todos os membros da mesma nação, se bem que não sejam pessoalmente seus conhecidos.
Atingido este ponto, apenas uma barreira artificial pode impedir as suas simpatias de se estenderem a todos os homens de todas as nações e de todas as raças. A experiência prova-nos, infelizmente, quanto é necessário tempo antes que consideremos como nossos semelhantes os homens que diferem consideravelmente de nós pelo seu aspecto exterior e pelos seus costumes.
A simpatia estendida para fora dos limites da humanidade, ou seja, a compaixão para com os animais, parece ser uma das últimas aquisições morais. […] Esta qualidade, uma das mais nobres de que o homem é dotado, parece provir casualmente do facto de que as nossas simpatias, tornando-se mais delicadas à medida que mais se estendem, acabam por se aplicar a todos os seres vivos. Esta virtude, uma vez honrada e cultivada por alguns homens, expande-se nos jovens pela instrução e pelo exemplo, e acaba por se fazer parte da opinião pública”

- Charles Darwin, A descendência do homem e a selecção sexual.

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