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«Pouco a pouco a sua bondade ocupou-se dos animais. Também eles sofriam, e tinham sobre a Terra o seu quinhão de miséria e de dor. Quando via então um animal carregado, tomava sobre os seus ombros o fardo. Recolhia ossos, pelas esquinas dos mercados, para distribuir aos cães famintos. Era o enfermeiro dos animais feridos, a quem lavava as chagas, onde as moscas se prendiam [...].
Depois, pouco a pouco, na sua alma densa e simples veio a nascer lentamente a ideia de que as árvores também sofriam, bem como as florinhas dos campos. E desde então nunca mais cortou um tronco, para dele fazer um cajado. Todo o ramo, partido e seco no chão, o compadecia. Arredava-se para não pisar a erva [...].»
- Eça de Queiroz, "S. Cristóvão", in "Lendas de Santos".
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