PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

"Estamos a reconhecer a nossa própria inseparabilidade, uns dos outros e da totalidade da vida"


“A um nível pessoal, a mais profunda revolução possível que podemos decretar é uma revolução no nosso sentimento de eu, na nossa identidade. O eu autónomo e separado de Descartes e Adam Smith chegou ao fim e está a tornar-se obsoleto. Estamos a reconhecer a nossa própria inseparabilidade, uns dos outros e da totalidade da vida. A usura desmente esta união, pois busca o crescimento do eu separado às custas de algo externo, algo de outro. Provavelmente todos os que lêem este livro concordam com os princípios da interconexão, seja de uma perspectiva espiritual ou ecológica. Chegou o tempo de a vivermos. É a hora de entrar no espírito do dom, que incarna a compreensão sentida da não-separação. Está a tornar-se abundantemente óbvio que menos para ti (em todas as suas dimensões) é também menos para mim. A ideologia do ganho perpétuo levou-nos a um estado de pobreza tão indigente que estamos ofegantes por ar. Essa ideologia, e a civilização construída sobre ela, é o que hoje está a entrar em colapso”

- Charles Eisenstein, Sacred Economics. Money, Gift & Society in the Age of Transition, Berkeley, Evolver Editions, 2011, p.139.

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