PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Arregimentados, nos perderemos no melhor que somos: o ser irmão do mundo."

Conviria talvez que se experimentasse desde já um outro sistema, o de não haver partido algum. Partidos são sempre máquinas de agir e o que estava ao princípio não era a acção, mas o deleite das relações lógicas e o deleite da linguagem quanto possível matemática em que elas se exprimem. No partido, a intensa opinião se fragmenta e apuramos aquilo em que diferimos dos outros homens, não aquilo em que lhes somos irmãos; guiamo-nos por um ser geral que nos supera e por ele nos substituímos; vive em nós a tribo, muito mais do que a Humanidade. [...] Bom seria, por outro lado, que se defendesse o direito de se intervir na política, de se fazer política, sem pertencer a partido algum, criando-se condições eleitorais em que as máquinas partidárias não tivessem que entrar, nem se tivesse que pertencer ao governo para triunfar junto do povo. Uma política sem partidos, nem sequer o único, é a condição indispensável para que o Reino se instaure e para que, instaurado, seja. Acima de tudo, combatemos o que separa: e nao são as opiniões individuais, mas as opiniões de grupo, o que realmente separa homem de homem; arregimentados, nos perderemos no melhor que temos: o ser irmão do mundo.

Agostinho da Silva, Ecúmena, in Agostinho da Silva Textos e Ensaios Filosóficos II, Âncora Editora, pp.199-200

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