PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

"Tiram dos pobres e dos fracos para alimentar os ricos que mandam"

Olhai meus irmãos, chegou a primavera; a terra recebeu os abraços do sol e em breve veremos os resultados desse amor!
Cada semente despertou e o mesmo se passa com toda a vida animal. É através desse misterioso poder que também nós temos o nosso ser e que do mesmo modo consentimos aos nossos vizinhos, mesmo aos animais vizinhos, um direito igual ao que temos, de habitar a terra.
No entanto, ouvi-me, minha gente, nós agora temos que tratar com outra raça - que era pequena e fraca quando os nossos pais a encontraram pela primeira vez, mas que agora é inumerável e esmagadora. Por estranho que pareça, tem propensão para cultivar o solo mas o amor da posse é uma doença entre eles. Essa gente fez muitas regras que os ricos podem quebrar mas não os pobres. Tiram dos pobres e dos fracos para alimentar os ricos que mandam. Afirmam que esta nossa mãe de todos nós, a terra, é deles, e separam-se com vedações dos vizinhos, e desfiguram-na com os seus edifícios e lixo. Essa nação é como uma torrente furiosa que salta das suas margens e destrói todos os que estão no seu caminho.
Não podemos habitar lado a lado. Há sete anos apenas fizemos um tratado no qual era assegurado que o país do búfalo seria nosso para sempre. Agora ameaçam tirá-lo de nós. Meus irmãos, devemos submeter-nos ou devemos dizer-lhes: «Matem-me antes de tomar posse da minha Terra Natal...»

- Tatanka Yotanka (Touro Sentado), Guerreiro Sioux,
in O Sopro das Vozes Textos de Índios Americanos, Assírio e Alvim, pp.186-187

0 comentários:

Enviar um comentário