PAN - UM NOVO PARADIGMA
Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.
Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.
O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.
Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.
O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.
sábado, 7 de janeiro de 2012
Pelo futuro que estes presentes anunciam (mensagem da escritora Manuela Gonzaga de apoio à manifestação de dia 10)
Na impossibilidade de estar aqui convosco, venho apoiar esta iniciativa do PAN, e o seu presidente, meu querido Amigo Paulo Borges, juntando-me a todos vós por palavras e intenção. Deixem-me alargar um pouco este âmbito e saudar igualmente o Povo Chinês que divorcio da prática dos seus lideres e que abraço calorosamente na causa comum.
É um alerta para este perigo que nos une, aqui e no mundo. A electricidade de Portugal foi vendida a uma potência estrangeira. Uma parte, para já.
Ora essa potência demonstra, no seu próprio território, a maior indiferença e a maior crueldade contra as populações que se atravessam no rumo da «prosperidade» colectiva que os seus governantes traçam. Uma prosperidade que acerta o passo pelo comportamento tentacular e devastador de várias multinacionais, cujo crescimento está na razão directa da tragédia global que todos os dias destrói irreversivelmente a nossa casa. Uma tragédia orquestrada por meia dúzia de famílias económicas que estão a exaurir os recursos da Terra.
Nada os detém. Patrimónios, florestas, rios, mares, ambiente, o extermínio de espécies, a aniquilação da biodiversidade são, no seu léxico, palavras mortas e conceitos insensatos. O lucro e o poder em meia dúzia de mãos é o seu único objectivo.
Neste aspecto, a República Popular da China tem afinado as suas práticas económicas pelo mesmo diapasão. Arrastando pelo mundo as redes de uma ganância sem limites, deixando atrás de si populações devastadas e o nosso planeta destruído por anos, séculos ou milénios. Estas práticas ancoradas no puro lucro – logo contra o ambiente, logo contra a natureza, e, numa cadeia irrefutável de causas-efeitos, logo contra o Ser Humano – nada têm de benéfico.
Não vou repetir o que tantas organizações têm vindo a alertar, desde a Amnistia Internacional às Ligas de Defesa do Ambiente. Assinale-se apenas o que todos sabemos de cor. As práticas do capitalismo chinês sob a capa de uma política socialista têm acobertado uma vastíssima lista de atentados contra as populações mais frágeis da Republica Popular da China. E para melhor garantir a impunidade destas acções, somam-lhes outras. A perseguição implacável contra os que ousam denunciar ao mundo estes crimes. Fazendo tábua rasa de um dos mais preciosos patrimónios imateriais do mundo civilizado. Os direitos humanos e o consequente direito à liberdade de expressão.
Em suma. Portugal vendeu à China uma parte da electricidade de Portugal que é um bem fundamental dos portugueses. Por um pouco menos dinheiro podia ter alienado esta parte do nosso património a parceiros que nos garantiriam subscrever Direitos Humanos e respeito pelo Ambiente. Porque não o fez?
Assim, e com a entrada no nosso território da corporação chinesa cuja lista de atentados ambientais é aterradora, quem nos garante que, futuramente, não se pratiquem em Portugal perseguições e acções contra os cidadãos que irão seguir atentamente a prática destas empresas? Para já, a Amnistia Internacional alertou para a possibilidade de graves problemas ambientais, de direito à habitação e ao trabalho decorrentes da venda da participação portuguesa da EDP à chinesa Three Gorges Corporation.
E a somar-se a esta ameaça perfilam-se outras.
A alienação da água e de parte significativa da rede dos transportes. E não se fica por aqui. Quando será a vez do mar? E a do ar? E do resto da terra e dos recursos que ainda mantemos? É esse o futuro? Vender a quem dá mais mesmo que quem dá mais configure a pior das ameaças aos nossos direitos humanos e ao nosso território? Como podemos deixar que tal aconteça?
Só há uma resposta. Não podemos.
E exigimos por parte de quem nos governa que se comporte como tal assumindo responsabilidades governativas e não de mera gestão. Dando-nos conhecimento do que se passa, em vez de nos colocar perante factos consumados de uma política de deve-e-haver na lógica do quem dá mais e depois logo se vê. Um país não é uma tabacaria, uma mercearia ou um supermercado.
Não podemos aceitar que nos vendam a retalho e nos governem desta maneira.
Pacificamente, iremos impedi-lo enquanto nos restar alento e vida.
Com a nossa imaginação criadora de outros cenários. E com a nossa convicção do que é justo.
Com a nossa força comum, o peso avassalador do número do que, aqui e no mundo inteiro, pensam da mesma maneira, e agem, pacificamente, na mesma direcção, e pelos mesmos objectivos.
Temos por nós o entusiasmo dos que já acordaram e estão a ajudar os outros que ainda dormem a acordar também. Agora e para salvaguardar o tempo vindouro dos que estão por nascer.
Bem-haja todos os que aqui se encontram e todos os que, mesmo ausentes, comungam de corpo e alma estas novas Cruzadas.
Pelo futuro que estes presentes anunciam, estamos e estaremos aqui.
Manuela Gonzaga
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