PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Um texto do pintor Vítor Pomar sobre a manifestação de 10 de Janeiro, 18.30, no Rossio



EXORTAÇÃO
A propósito da manifestação promovida pelo PAN para dia 10 de Janeiro
Bem vindos, amigos chineses!
Vamos agora estar mais próximos e acompanhar atentamente os acontecimentos e as condições de vida dos nossos povos.
Só uma visão global poderá gerir a actual revolução tecnológica em que a comunicação circula como nunca antes aconteceu, sabendo que o nosso maior inimigo é a IGNORÂNCIA!
Vamos todos contribuir para um FUTURO viável, para os humanos e todos os seres, para uma diversidade ambiental de que dependemos como navegantes da nave espacial TERRA.
Vamos fazer com que os nossos governos promovam a criação de um novo paradigma, um modo de vida que garanta um verdadeiro humanismo, uma vez que o capitalismo desenfreado leva ao abismo desumano, à escravatura por dívidas e ao terrorismo de estado.
Vamos todos partir à descoberta de um novo modus vivendi baseado na garantia da satisfação das necessidades básicas de todos, em que deixamos de ser apenas consumidores para nos tornarmos criativos em todos os aspectos da vida.
Vamos acordar da letargia conformista que o sistema insiste em impor-nos.
Vamos enfrentar, não conformar-nos, com a política de terra queimada que caracteriza o fim dos impérios.
Vamos libertar-nos dos enganos e ilusões da sociedade de consumo, que ainda vemos como um privilégio, mas que de facto envenena todos os seres e o ambiente.
Vamo-nos descobrir solidários e não apenas revoltados, exigindo a manutenção de direitos outrora conquistados.
A nossa aventura terá de ir muito mais longe e muito mais fundo, tanto na consciência de cada um como na sociedade.
É por isso que estamos aqui, é este o meu apelo e a minha saudação ao grande povo chinês com que devemos hoje manifestar a nossa amizade e solidariedade.


Nota final
Estamos a assistir ao fim do imperialismo ocidental, económico e cultural, que, ao longo de vários séculos procurou vender e impor sua visão aos outros povos, cujas culturas ancestrais foram desprezadas.
A cegueira dos outros choca-nos, tanto quanto somos incapazes de reconhecer a nossa própria cegueira.
Só com a fundamentação de um verdadeiro humanismo se poderá tentar avançar para um encontro com os nossos irmãos das diversas etnias e culturas, até agora distantes, dominados ou ignorados.
O trabalho que vamos ter de fazer, que inclui despirmo-nos das nossas certezas, históricas, filosóficas, etc., é tanto ou mais do que o deles.
Note-se que este trabalho não significa uma limitação ou perda de valores, mas sim um acesso a mais vastos e luminosos horizontes.
Quão limitados têm sido os nossos horizontes, só ultrapassados por uma arrogância nunca posta em causa!
Temos hoje uma oportunidade única de nos descobrirmos e conhecermos mesmo para além dos valores até agora supostamente válidos e inquestionáveis.

Vítor Pomar
3 de Janeiro 2012

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