PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"No próprio dia existe a noite, e na luz, no centro do Sol, vê-se isto, que mete medo: uma singular mancha de sombra a medrar."


J.M.G. Le Clézio

"As imensas cidades erguem os seus monumentos de betão cinzento, as praças são como lagos de cimento, os invólucros dos automóveis têm brilhos insuportáveis. Tudo está em permanência próximo da deflagração. São dissimuladas as razões. Não residem nas palavras da linguagem, visto as palavras não serem fixas - vivem, resvalam, escorregam, dividem-se como células.
Quero eu dizer: nada é coisa segura, e em parte nenhuma. Os pensamentos atravessam águas turvas, e vão tão longe que já não se lembram de onde terão partido. O universo é estável, é fixo, é uma evidência. Quando porém se o olha, racha e fende-se, abre os seus abismos, as suas partes ocas, os seus mistérios. No próprio dia existe a noite, e na luz, no centro do Sol, vê-se isto, que mete medo: uma singular mancha de sombra a medrar."

J.M.G. Le Clézio, Índio Branco, Fenda Edições, pp.78-79

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