PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

sábado, 27 de abril de 2013

(Re)aprender a respirar

Tocador de Sakuhachi
 
Os tocadores de instrumento de sopro desenvolvem uma técnica com vista a poder emitir um som ao mesmo tempo que inspiram. Nomeada de Respiração Circular, julgo que esta técnica tem como base uma filosofia a reter: assim como é possível mesclar inspiração e expiração, também é possível viver estando morto. Sendo a Vida e a Morte duas forças antagónicas essenciais, imaginemos que estas se desdobram de essenciais em aparenciais: Inspiração e Expiração, Dia e Noite, Homem e Mulher, Sol e Lua, Deus e Diabo, Nirvana e Samsara, Partido e Inteiro, Amor e Ódio, Construção e Destruição, etc...  Quem tem um Curso de Filosofia certamente que pode escrever uma tese interessante acerca deste assunto; mas os meus meios limitados escassos de pensar e registar somente me permitem concluir uma coisa: assim como um clarinetista profissional é capaz, após anos e anos de aperfeiçoamento, de emitir um som muito prolongado, infinito, no tempo, o Ser Humano tem em suas mãos a possibilidade de viver o infinito no finito, de transcender a morte e de ser um cadáver - não adiado mas sim inadiado! - ou seja, o Cálice com o Vinho que dilui os opostos e nos brinda com a liberdade de não ser nem um nem dois mas sim haver nada. Para que isto de cálices, cadáveres, ou clarinetistas não passe de mera demagogia teórica, ouso mesmo afirmar - que é o contrário de negar, ou seja o mesmo e/ou (i)mesmo (LOL) - que Tradições orientais, como o Ioga, o Tai Chi, o Karaté Goju Ryu, o Zen - Tradições ou Escolas que me ocorrem neste momento - tornam central o tema da respiração, chamando vezes sem conta a nossa atenção para facto de não sabermos respirar. Talvez fosse importante que nós, crianças, adultos e velhos, mortos e/ou vivos, (re)aprendêssemos a respirar, ocorrendo provavelmente daí uma mudança de cariz interior (no corpo) e exterior (na sociedade).

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