Tocador de Sakuhachi
Os tocadores de instrumento de sopro desenvolvem uma técnica com vista a poder emitir um som ao mesmo tempo que inspiram. Nomeada de Respiração Circular, julgo que esta técnica tem como base uma filosofia a reter: assim como é possível mesclar inspiração e expiração, também é possível viver estando morto. Sendo a Vida e a Morte duas forças antagónicas essenciais, imaginemos que estas se desdobram de essenciais em aparenciais: Inspiração e Expiração, Dia e Noite, Homem e Mulher, Sol e Lua, Deus e Diabo, Nirvana e Samsara, Partido e Inteiro, Amor e Ódio, Construção e Destruição, etc... Quem tem um Curso de Filosofia certamente que pode escrever uma tese interessante acerca deste assunto; mas os meus meios limitados escassos de pensar e registar somente me permitem concluir uma coisa: assim como um clarinetista profissional é capaz, após anos e anos de aperfeiçoamento, de emitir um som muito prolongado, infinito, no tempo, o Ser Humano tem em suas mãos a possibilidade de viver o infinito no finito, de transcender a morte e de ser um cadáver - não adiado mas sim inadiado! - ou seja, o Cálice com o Vinho que dilui os opostos e nos brinda com a liberdade de não ser nem um nem dois mas sim haver nada. Para que isto de cálices, cadáveres, ou clarinetistas não passe de mera demagogia teórica, ouso mesmo afirmar - que é o contrário de negar, ou seja o mesmo e/ou (i)mesmo (LOL) - que Tradições orientais, como o Ioga, o Tai Chi, o Karaté Goju Ryu, o Zen - Tradições ou Escolas que me ocorrem neste momento - tornam central o tema da respiração, chamando vezes sem conta a nossa atenção para facto de não sabermos respirar. Talvez fosse importante que nós, crianças, adultos e velhos, mortos e/ou vivos, (re)aprendêssemos a respirar, ocorrendo provavelmente daí uma mudança de cariz interior (no corpo) e exterior (na sociedade).
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