PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

domingo, 16 de janeiro de 2011

"Acredito que a cultura do crescimento económico precisa de ser posta em causa"

[...] acredito que a cultura do crescimento económico precisa de ser posta em causa. Do meu ponto de vista, ela promove o descontentamento que gera um grande número de problemas, tanto sociais como ambientais. Há também que, quando nos dedicamos inteiramente ao desenvolvimento material, negligenciamos as implicações que isso tem sobre uma comunidade mais vasta. Uma vez mais, não se trata do fosso entre o Primeiro e o Terceiro mundo, entre Norte e Sul, entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, entre ricos e pobres, nem é questão de ser imoral e errado. É tudo isso ao mesmo tempo. Mas o mais importante é o facto dessa desigualdade em si ser uma fonte de problemas para todos nós. Por exemplo, se a Europa fosse o mundo inteiro, em vez de representar menos de dez por cento da população mundial, talvez se justificasse a ideologia predominante do crescimento contínuo. Mas o mundo não se limita à Europa. A verdade é que se morre de fome noutros sítios. Desequilíbrios tão profundos como este são susceptíveis de ter consequências negativas para todos nós e, mesmo se elas não são igualmente directas para eles, na sua vida diária os ricos também sentem os sintomas da pobreza. Ou não será verdade que a visão de câmaras de vigilância nos prédios e barras de ferro nas janelas mina de alguma forma o nosso sentido de serenidade?

Sua Santidade O Dalai Lama, Ética para o Novo Milénio, Lisboa, Editorial Presença, 2003, p.125

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