PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As eleições presidenciais de 2011. Comentário e exortação

1 – Os resultados das eleições presidenciais de 2011, com um recorde de abstenções (53,37%), de votos em branco (4,26%) e votos nulos (1, 93%), e com inadmissíveis dificuldades burocráticas (!) que impediram milhares de cidadãos de exercer o seu direito de voto, confirma estarmos numa fase crítica da democracia em que, devido ao descrédito da vida política traduzido na abstenção massiva, uma minoria de votantes (2 230 104, menos de 25% dos 9 629 630 eleitores inscritos) fez eleger o seu candidato à primeira volta. O candidato eleito, Professor Aníbal Cavaco Silva, deveria ter isto em conta na sua consciência e no seu discurso e ter a humildade de não proclamar sem mais que o eleitorado mostrou claramente o presidente que quer. Todas as leituras dos resultados eleitorais se alteram quando se considera que a abstenção, os votos brancos e nulos também traduzem, embora pela negativa, uma intenção, uma disposição e um estado de consciência que um Presidente de “todos os portugueses” não pode ignorar. Nem ele, nem as forças e os comentadores políticos.
 
2 – O que os resultados eleitorais claramente mostram é que, da minoria dos votantes (4 489 904, apenas 46,63% dos possíveis), a maioria preferiu manter o status quo e, com medo da mudança, deixar Portugal na mesma, apesar de ninguém parecer estar contente com o estado actual da nação.
 
3 – Se o aumento das abstenções traduz o aumento da indiferença, da recusa do sistema e/ou da descrença na importância deste acto eleitoral e na vida política em geral, o aumento dos votos em branco (191 159 - 4, 26%) e dos votos nulos (86 543 - 1, 93%), que respectivamente mais do que triplicaram e mais do que duplicaram, mostra o aumento do protesto activo contra o actual estado de coisas e o não reconhecimento activo de uma franja considerável de cidadãos nas propostas de qualquer um dos candidatos.
 
4 – Ao mesmo tempo, a votação histórica no Doutor Fernando Nobre (593 868 – 14, 12%), o único candidato em nome da pura cidadania, sem vida política anterior e independente de qualquer partido, mostra que uma franja ainda mais considerável dos eleitores não se reconhece nas actuais propostas partidárias e deseja uma alternativa às mesmas.
 
5 – A meu ver, essa alternativa, no momento crítico que o planeta Terra atravessa, só pode passar por um projecto político que tenha a ética e a ciência no seu fundamento e não separe os problemas humanos do modo como o homem se relaciona com a natureza e os demais seres vivos, obedecendo a um novo paradigma holístico que vise o bem dos animais humanos e não-humanos e a harmonia ecológica da qual todos dependem.
 
6 – Como é público, assumo que esse projecto é o PAN (Partido pelos Animais e pela Natureza), que encarna um novo paradigma mental, ético e civilizacional e, enquanto partido inteiro, que visa o bem de tudo e todos, constitui a maior novidade na política portuguesa desde o 25 de Abril. Trata-se de um partido que assume no centro das suas preocupações a mudança na relação do homem consigo mesmo, com os seres vivos e com a natureza, colocando-se ao lado daqueles que são os mais oprimidos, violentados e desfavorecidos no actual fim de ciclo de uma civilização em que a tecnologia e a economia postas ao serviço do produtivismo e do consumismo ávidos e cegos fazem uma multidão de vítimas: pobres, idosos e animais, além da devastação dos recursos naturais e da degradação do meio ambiente que nos lesam a todos. Defender a natureza, o meio ambiente e os animais não humanos é defender o homem, não fazendo qualquer sentido separar as duas esferas de interesses. A luta contra todas as formas de discriminação, opressão e exploração do homem pelo homem deve ampliar-se à libertação dos animais e à defesa da natureza e do meio ambiente, sem o que perde fundamentação, coerência e valor ético. Ao agredir a natureza e os animais o homem agride-se a si próprio, como é evidente nas consequências desastrosas da agropecuária intensiva e da indústria da carne para a saúde dos homens, o bem-estar dos animais e o equilíbrio ecológico. A actual economia de mercado deve ser reconvertida para o bem social, animal e ecológico.
 
7 – Neste momento crítico da nossa vida nacional, e em vez de cedermos à indiferença, ao desalento e ao pessimismo, exorto a que todos conheçam a Declaração de Princípios e Objectivos do PAN - http://www.partidoanimaisnatureza.com/declaracao-de-principios.html - , que assume um vasto leque de propostas, também ao nível da saúde, da cultura, da educação e das relações internacionais, para fazermos uma vez mais de Portugal um país moderno e pioneiro, que aposte na Lusofonia como abertura à universalidade multicultural e integre em si o melhor que haja em todo o mundo. Apelo a que contribuam com a vossa reflexão e propostas críticas para o aperfeiçoamento do documento e o divulguem, de modo a que mais amigos se juntem aos cerca de 50 000 apoiantes e simpatizantes deste projecto e ele possa crescer como bola de neve como a grande alternativa que é à política e aos políticos do passado. Deixando uma vez mais para trás os Velhos do Restelo, é a Hora de partirmos para a grande e Nova Descoberta.
 
Saudações fraternas!
 
Paulo Borges
24.1.2011

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