PAN - UM NOVO PARADIGMA

Vivemos o fim de ciclo de um paradigma civilizacional esgotado, o paradigma antropocêntrico, cuja exacerbação nos últimos séculos aumentou a devastação do planeta, a perda da biodiversidade e o sofrimento de homens e animais. Impõe-se um novo paradigma, uma nova visão/vivência da realidade, ideias, valores e símbolos que sejam a matriz de uma nova cultura e de uma metamorfose mental que se expresse em todas as esferas da actividade humana, religiosa, ética, científica, filosófica, artística, pedagógica, social, económica e política. Esse paradigma, intemporal e novíssimo, a descobrir e recriar, passa pela experiência da realidade como uma totalidade orgânica e complexa, onde todos os seres e ecossistemas são interdependentes, não podendo pensar-se o bem de uns em detrimento de outros e da harmonia global. Nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar.

Herdando a palavra grega para designar o "Todo", bem como o nome do deus da natureza e dos animais, o PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza - incarna esse paradigma na sociedade e na política portuguesas.

O objectivo deste blogue é divulgar e fomentar o debate em torno de contributos diversos, contemporâneos e de todos os tempos, para a formulação deste novo paradigma, nas letras, nas artes e nas ciências.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Padre António Vieira e o regresso do mundo ao vegetarianismo paradísiaco

“Pois se do princípio do mundo até o dilúvio [que se contaram 1650 anos] os animais viviam em paz entre si, e os que hoje feros e domésticos naquele tempo pasciam no mesmo campo pacífica e concordemente, sem se perseguirem, nem se comerem: que muito será que torne o mundo a ver na sua última idade o que viu na primeira ? e [sic] que na renovação da terra e dos ares que considerámos acima se restitua também o temperamento dos animais à constituição antiga com que, sem nenhum milagre nem mudança essencial da natureza, o instinto e apreensão da fantasia os leve aos frutos e às ervas como hoje os convida às carnes ?”

– Padre António Vieira, Apologia das Coisas Profetizadas, p.292.

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